Eu me organizo pra me desorganizar.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Balada de uma noite melancólica

A noite não passa
O vento atrasa
Fodidamente nada passa

A ânsia estaciona
A febre acumula
A dor trêmula
A noite não passa

Nada passa
passageiro de um trem
A estação arrasta
A chuva da bagagem

A pupila dilata
Os olhos não grudam
O sono não vem
A saudade rasga

Devaneios tolos
desejos de um poeta
beleza que rege
A alma que apodrece

Cuspo dentro de mim mesmo
Vomito de olhos fechados
Melancolicamente em insônia
Vagarosa
Mente

A megera que me doma
A vida que me engole
O tempo que não passa

Nada passa
Nem mais essa noite melancólica
Para além dessa fobia estranha
Dessa ânsia que me arranha

Aranhas
pela parede

Aranhas pelo teto
Arranham o lado obscuro do meu cérebro
E não tenho mais um cigarro a queimar

Balada de uma noite melancólica - Guilherme Lima

terça-feira, 13 de abril de 2010

Expresso 284

Estou de volta Estou aqui
Estou à volta Estou ali

Minha saudade era demais
Minha ira foi a pó
Minha emoção
ficou só

Ó Ceará, quantas saudades eu senti!
Quantas vezes não te vi

Acordara
Sonhara
Vivera
Sem o teu amor

Sou terreno
Sou mundano
Sou da luz
Sou do Ceará

Sou de fé
Sou de amar
Sou da terra
Sou do mar

Irei roçar
as linguas viris
cearenses a mis
fortalezenses mil

Viva Fortaleza
Viva o Ceará
Viva a vida
Viva o que há pra viver

284 anos Fortaleza
Expresso 284, que beleza!
Te amo Fortaleza
Te amo

Expresso 284 Guilherme Lima

segunda-feira, 12 de abril de 2010

7.48

Mudo. Calado. Não. A única palavra que escorre pelo canto da boca esmurecida e podre. Calado. Mudo. Mudo e calado, calado e mudo mudou tudo. Mudou-se tudo para bem longe, bem distante, la na linha do infinito. Não quero comer, não quero beber, não quero falar, não consigo andar, mover. Estática e poética a esquizofrenia psicotica do meu estado de grito e desespero da ansia depressiva e amarga que estufa pelos olhos a cair sobre meu corpo e me deixando seco e deixando áspero, sem uma gota d'agua sem uma gota de nada, nem goticulas, nem gotinhas, nem um fiaspo do átomo de água. Não. Mudo e calado. Não. Não. Não. Desespero da dor, na dor, para a dor, além da dor de minha essência, de minha alma, de minha aurora. Como leão ainda hei de arrancar a jaula, rugir bem alto e correr pela floresta negra, negra, negra. Cada vez mais negra. Por enquanto, não morrerei à mingua, à minha, aos montes. Não, por enquanto, NÃO.

7.48 Guilherme Lima

sexta-feira, 12 de março de 2010

Eu queria...

Eu queria que as pessoas me entendessem. Eu queria que tudo fosse mais claro pra elas. É tudo tão simples! Elas insistem em complicar. Não preciso de carro importado, ar condicionado onde durmo, gente importante da sociedade ao meu lado, gente que não valoriza gente, dinheiro, pdoer, ambição, ganância... não dá pra adjetivar! Tudo isso faz parte realmente deste todo, deste sistema e eu posso até ganhar ou até mesmo querer, mas eu não preciso! Não é mero orgulho não, é simples. Existe ônibus, este eu nao troco pelo carro importado. Existe comida boa, brasileira porque este é o meu país; mas esta eu não troco nem pelo melhor restaurante do mundo. Existe dinheiro e muito, mas este eu não troco pelos meus trocados. Existe gente importante da sociedade, mas essa eu não troco pelos meus amigos, meus singelos amigos. Tudo existe e eu posso trocar, mas não é necessário, pois eu não preciso porque a cada troca se perde o mais essencial: A essência. A essência de ser você e de falar o que quiser, a essência de ser excêntrico! Claro que vão citar rebeldia e imaturidade, e talvez até seja, porém o que eu queria mesmo era que não fosse. Eu queria mesmo é estar errado e não ser confundido com um louco, um bandido, um jogado, um lunatico. Nada disso eu sou (com excessão do louco, talvez!), eu sou apenas eu e como infelizmente é dificilimo ser eu nesses tempos, deixarei que os outros sejam eles e queeu seja algo qualquer que eu seja. Eu queria evitar todo esse caos ou ao menos não participar dele, querseja ativa ou passivamente. Esse caos em que se tem sede, fome, pobreza, pouca fé, violência... até que ponto vai o progresso? ou Até que o processo vai... vai progressando cada ser... fazendo com que ele não o seja, mas esteja e tenha algo a dar pra ele, o progresso. Então, eu queria ser eu mesmo, ser artista, ser breve, ser leve, ser eu em mim para não ser este ser que não é, mas que finge ser. Eu queria... só queria!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Algodão Doce

Pela cidade afora eu espero meu ônibus
De pé, com a cabeça agitada
E lá vem você mais uma vez
Mecher no meu canto

Talvez nem me reconheça mais
Talvez nem me veja mais
Talvez nem em mim pense
Talvez nem por mim passe

O coração borbulha como a larva de um vulcão
Arde no fogo que requenta
Queima na chama que nunca se apaga
Fecho os olhos para a fumaça

Quero tomar um porre agora
Tudo em mim treme
E a solidão está trancada
Por sete chaves

Meu dicionário procura palavras
Meu vocabulário sujo não as encontra
Há apenas encontros que se desencontram
Eu e você

Queria apenas cantar “Como vai você” no seu ouvidinho
Enrolá-lo em frases doces
Como algodão doce...
Algodão doce


Algodão Doce – Guilherme Lima

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Essa é a vida que eu quis

Eu mastigo cada pedra que perpassa à minha boca
Eu engulo cada pedregulho que arranha minha garganta
Eu sinto o céu da boca sem fôlego
Eu corto todas as unhas de minhas mãos vermelhas de sangue

Eu dou um passo para frente
Dois para trás
E ainda assim não desisto
A vontade de mudar o mundo permanece ainda no garoto vivo

Eu revejo tudo pela luneta diafragmática
E sinto a leveza da paisagem vida
Então assim nem sinto o gosto das pedras
Nem dos pedregulhos

A caminhada se torna longa
Se toma tonta
Nem se dá conta
Da imensidade

A cada passo eu quero um blues
A cada erro eu quero um Rock’n roll
A cada acerto um amor
E na dúvida, querei o que eu possa me dar

Vou metralhar todos esse hipócritas
Quebrá-los os dentes
Rasgar toda sua cara
Esmurrá-la a mil bofetadas

E a quem me detesta
Nem prece há, nem luz, nem ar
A quem me adora
Darei um beijo

O tempo não pára
Eu não quero o passo passado
Vou me vestir de futuro
Em noite de lua cheia

E ressucitar cada lágrima em meu olho vivo e latejante
Ver neste lago azul
Todos os espelhos que escolhi
E todos os que quebrei

Vou me afogar de tudo que preciso
Lavar-me despido e desprovido
Por um triz eu não vi o artista morrer
Essa é a vida que eu quis

Essa estrada eu não escolhi
Essa é a vida que eu quis
O caminho veio sóbrio
Eu que não enxerguei

Essa é a vida que eu quis
Ser feliz
É isso que quero pra mim
Ser feliz

Podem falar
Podem rir de mim
Podem me bater
Podem me ousar

Com todas as controvérsias e hipocrisia
De flor macia
De alma limpa, eu vos digo
Essa é a vida que eu quis

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

2010

No calendário delta eu vou me jogar, darei bailes no céu e banhos de mar. Eu perdi a chave da estrela e não a vi ser cadente e ela se abriu antes do sol se por. Jogou estrelas menores no céu claro e vão onde tudo ficou mais brilhante, por horas encadeava. Apenas do baile no céu dava pra ver tamanha energia. A terra estremecia com a vibração positiva da alegria de cada um de nós vendo algo nascer de alguma maneira bonita, vendo algo mais bonito na vida e desperdiçar um pouco desse recorte que se faz do tempo. Fantástico e sublime é ver essa vida brincar com a gente e passar plantando sementes, plantando realizações, sentimentos, idéias, vontade de tê-la mais e mais. E de repente, cronologicamente, nasce 2010 como uma flor bonita e eu estava na rua solto a cantar. Em 2010 eu vejo tudo diferente porque a minha visão mudou de lugar, Em 2010 eu vejo uma vida melhor para todos nós, em 2010 também haverá catástrofes e sinto que são grandes. Não é nada bom prever o futuro, não é nada bom ser Nostradamus, mas de alguma maneira se percebe algo em um nascimento, se sente algo. O que importa é que nada importa quando tudo importa e que toda essa importância seja feliz. Na vida o que se pede é ser feliz, na vida o que se pede é um pouco mais de tudo que faz parte de corações. Ainda sinto que sou refém do tempo e que o ano de 2009 não passou, nem terminou. Essa numerologia confunde um pouco. O que se pede, pois é que se dance nesse baile do céu e ver a vida de cima, ver tudo mais elevado. O que se pede, pois é brindar sem secar uma gota de champange e de todas as garrafas, deixar que a vida nos brinde e nos molhe todos de alegria e felicidade. Nasceu 2010 e ficou para trás mais uma década. Que seja absurdo, que seja 2010.