Eu me organizo pra me desorganizar.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Algodão Doce

Pela cidade afora eu espero meu ônibus
De pé, com a cabeça agitada
E lá vem você mais uma vez
Mecher no meu canto

Talvez nem me reconheça mais
Talvez nem me veja mais
Talvez nem em mim pense
Talvez nem por mim passe

O coração borbulha como a larva de um vulcão
Arde no fogo que requenta
Queima na chama que nunca se apaga
Fecho os olhos para a fumaça

Quero tomar um porre agora
Tudo em mim treme
E a solidão está trancada
Por sete chaves

Meu dicionário procura palavras
Meu vocabulário sujo não as encontra
Há apenas encontros que se desencontram
Eu e você

Queria apenas cantar “Como vai você” no seu ouvidinho
Enrolá-lo em frases doces
Como algodão doce...
Algodão doce


Algodão Doce – Guilherme Lima

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Essa é a vida que eu quis

Eu mastigo cada pedra que perpassa à minha boca
Eu engulo cada pedregulho que arranha minha garganta
Eu sinto o céu da boca sem fôlego
Eu corto todas as unhas de minhas mãos vermelhas de sangue

Eu dou um passo para frente
Dois para trás
E ainda assim não desisto
A vontade de mudar o mundo permanece ainda no garoto vivo

Eu revejo tudo pela luneta diafragmática
E sinto a leveza da paisagem vida
Então assim nem sinto o gosto das pedras
Nem dos pedregulhos

A caminhada se torna longa
Se toma tonta
Nem se dá conta
Da imensidade

A cada passo eu quero um blues
A cada erro eu quero um Rock’n roll
A cada acerto um amor
E na dúvida, querei o que eu possa me dar

Vou metralhar todos esse hipócritas
Quebrá-los os dentes
Rasgar toda sua cara
Esmurrá-la a mil bofetadas

E a quem me detesta
Nem prece há, nem luz, nem ar
A quem me adora
Darei um beijo

O tempo não pára
Eu não quero o passo passado
Vou me vestir de futuro
Em noite de lua cheia

E ressucitar cada lágrima em meu olho vivo e latejante
Ver neste lago azul
Todos os espelhos que escolhi
E todos os que quebrei

Vou me afogar de tudo que preciso
Lavar-me despido e desprovido
Por um triz eu não vi o artista morrer
Essa é a vida que eu quis

Essa estrada eu não escolhi
Essa é a vida que eu quis
O caminho veio sóbrio
Eu que não enxerguei

Essa é a vida que eu quis
Ser feliz
É isso que quero pra mim
Ser feliz

Podem falar
Podem rir de mim
Podem me bater
Podem me ousar

Com todas as controvérsias e hipocrisia
De flor macia
De alma limpa, eu vos digo
Essa é a vida que eu quis

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

2010

No calendário delta eu vou me jogar, darei bailes no céu e banhos de mar. Eu perdi a chave da estrela e não a vi ser cadente e ela se abriu antes do sol se por. Jogou estrelas menores no céu claro e vão onde tudo ficou mais brilhante, por horas encadeava. Apenas do baile no céu dava pra ver tamanha energia. A terra estremecia com a vibração positiva da alegria de cada um de nós vendo algo nascer de alguma maneira bonita, vendo algo mais bonito na vida e desperdiçar um pouco desse recorte que se faz do tempo. Fantástico e sublime é ver essa vida brincar com a gente e passar plantando sementes, plantando realizações, sentimentos, idéias, vontade de tê-la mais e mais. E de repente, cronologicamente, nasce 2010 como uma flor bonita e eu estava na rua solto a cantar. Em 2010 eu vejo tudo diferente porque a minha visão mudou de lugar, Em 2010 eu vejo uma vida melhor para todos nós, em 2010 também haverá catástrofes e sinto que são grandes. Não é nada bom prever o futuro, não é nada bom ser Nostradamus, mas de alguma maneira se percebe algo em um nascimento, se sente algo. O que importa é que nada importa quando tudo importa e que toda essa importância seja feliz. Na vida o que se pede é ser feliz, na vida o que se pede é um pouco mais de tudo que faz parte de corações. Ainda sinto que sou refém do tempo e que o ano de 2009 não passou, nem terminou. Essa numerologia confunde um pouco. O que se pede, pois é que se dance nesse baile do céu e ver a vida de cima, ver tudo mais elevado. O que se pede, pois é brindar sem secar uma gota de champange e de todas as garrafas, deixar que a vida nos brinde e nos molhe todos de alegria e felicidade. Nasceu 2010 e ficou para trás mais uma década. Que seja absurdo, que seja 2010.