Eu me organizo pra me desorganizar.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Balada de uma noite melancólica

A noite não passa
O vento atrasa
Fodidamente nada passa

A ânsia estaciona
A febre acumula
A dor trêmula
A noite não passa

Nada passa
passageiro de um trem
A estação arrasta
A chuva da bagagem

A pupila dilata
Os olhos não grudam
O sono não vem
A saudade rasga

Devaneios tolos
desejos de um poeta
beleza que rege
A alma que apodrece

Cuspo dentro de mim mesmo
Vomito de olhos fechados
Melancolicamente em insônia
Vagarosa
Mente

A megera que me doma
A vida que me engole
O tempo que não passa

Nada passa
Nem mais essa noite melancólica
Para além dessa fobia estranha
Dessa ânsia que me arranha

Aranhas
pela parede

Aranhas pelo teto
Arranham o lado obscuro do meu cérebro
E não tenho mais um cigarro a queimar

Balada de uma noite melancólica - Guilherme Lima

Um comentário:

  1. realmente atormentante.
    Na vaga lembraça daquilo
    que não se esquece,
    bem sei como é...

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