Eu me organizo pra me desorganizar.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Asas do abismo

Às vezes eu sinto que tenho asas, mas não posso voar. Elas começam a me incomodar, a nascer. E, de algum modo, dói em mim tê-las. O ar não comporta o meu peso e eu não consigo tirar os pés do chão. Não acredito num sonho que se configure com os pés no chão, numa superfície. Na verdade, tento voar sem asas. Independente disso, paga-se um preço alto por querer voar. Quanto mais alto se voa, maior a chance de cair e se esborrachar, mas pergunto: E se eu não tentar alçar o voo mais alto? Irei sempre voar rasante? As pessoas estão desacreditando nos seus sonhos, nos seus desejos. E diante disso fica cada vez mais gélido voar, conhecer as nuvens. Eu quero conhecer as nuvens de todos. E se chover, não vou me incomodar, pois não sou feito de açúcar. Sou feito do que sou feito, do que você é feito daquilo de que somos feitos. Não quero aprender a voar ou passear sobre os céus como um pássaro em um devaneio, quero voar porque a superfície não me basta. Porque voar faz parte de mim. E de um abismo qualquer, eu saltarei.

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